Marinaleda

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RESIGNAR-SE, NUNCA!

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Whiteblocs, ditaduras, democracias e a demonização dos protestos populares (É crime passível de perseguição, e bullying cibernético, criticar os governos do PT?)





Na França é crime contestar a versão oficial do holocausto judeu.

No Japão, a divulgação de qualquer notícia ou crítica sobre Fukushima, é crime passível de pena de até dez anos.

O conceito de whiteblocs, ora difundido pela internet, é amplíssimo. Qualquer cidadão, indo da extrema-direita a extrema-esquerda, passado pelo centro, centro-direita, centro-esquerda, apolíticos, alienados, coxinhas e empadinhas, etc., podem ser enquadrados no vastíssimo e genérico conceito. Uma pérola fascista!

Mais afinal o que é um whiteblocs? É a versão on line dos blacks blocs, ou seja, arruaceiros, desordeiros, fascistas, espancadores de policiais, e mais uma gama de adjetivos nenhuns pouco lisonjeiros.

Com o tempo, passei a não acreditei na democracia, pois, a que temos é um rascunho, um arremedo, da "verdadeira": votar e consumir. Na verdade, mesmo esse rascunho, só vale se as regras da extrema-direita estiverem valendo, e se os seus representantes estiverem ganhando o jogo. Caso contrário, ela é detonada em nome da... Democracia, modelo estadunidense, o único que pode existir no mercado, no mundo, senão é bomba na cabeça, é de fósforo branco.

Os exemplos são gigantescos, o golpe fascistas de 64, no Brasil; o golpe de 2002, na Venezuela; a tentativa de golpe, na mesma Venezuela, que está acontecendo hoje, sob nossos olhos; Honduras, Paraguai, Ucrânia[1], etc.

Demonizam-se os black blocs, tanto a direita, com a finalidade de criminalizar todo o movimento social civil organizado; quanto a esquerda, pelos mesmos motivos da direita e para que as manifestações na afetem a reeleição da presidenta Dilma.

Afinal, não pode haver manifestações de insatisfação nas democracias? Pode, responderão, mas pacíficas. Pausa para rir. Respondo, então: ensinem as polícias militares a serem pacíficas,  a respeitar os direitos humanos, os manifestantes e o seu direito de protestar. Polícias estas que não estão nem aí para os governos estaduais, a não ser os de direita, por identificação ideológica, como por exemplo, o do Estado de São Paulo, reduto mais reacionário do país, onde seus comandantes supremos são os chefes dos executivos; e muito menos para o governo federal, que não paga seus salários. Por sinal, um salário de fome! Exceção para os salários dos oficiais.

O governo Dilma, como é do conhecimento até dos bebinhos do Mercado da Vista e do Copo Sujo, deu as costas a esses movimentos, e por conta da “governabilidade” e do “pragmatismo”, aliou-se as forças mais retrógradas do nosso país, da nossa sociedade, a exemplo do agronegócio.

Encontramos uma definição de whiteblocs no artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos, portal Carta Capital, um excelente articulista, que admiro e respeito, mas, que foi infeliz nesta produção: “A nova era da violência” [2], um artigo raivoso que considera qualquer crítica aos governos trabalhistas como uma heresia a ser punida.

Ainda em relação ao artigo,  é de se informar, para aqueles que tiverem a curiosidade de lê-lo, que na época ditadura de 64, mesmo aqueles que faziam críticas a "ditabranda" da Folha de São Paulo, não tinham espaço na imprensa para divulgá-las.

Outra coisa, à época da ditadura não existia a internet, que é um espaço plural, ao alcance de qualquer um que queira se pronunciar, e não é preciso ser um intelectual não, pode ser até quem não conheça bem a nossa língua, tenha dificuldade de se expressar, pois assim estaríamos sendo excludentes, na verdade TODOS têm o direito de falar, escrever, de se expressar, o que não é bem visto pela grande imprensa não livre, desde o doutor ao lixeiro, passando pelo jornalista e donos(as) de casa.

No artigo a falácia argumentum ad hominem, é largamente utilizada, o que descredencia toda a argumentação. A considerarmos o conceito de whiteblocs no texto do professor Wanderley, ouso acrescentar raivoso e preconceituoso, jornalista e pensadores tais quais Azenha, Nassif, Idelber Avelar, Maurício Caleiro, Atilo Bóron, Gilson Sampaio, Brasil de Fato, etc. etc. etc., seriam enquadrados como whiteblocs, por falta de clareza do texto.

Seria interessante ressaltar, ainda, dois aspectos, antes de criminalizarmos os manifestantes em sua totalidade: (i) nem todos os manifestantes são black blocs. Muitos são coxinhas, fascistas e agentes infiltrados (P2), com o único objetivo de fazerem baderna e confusão; (ii) A polícia é responsável por muito mais agressões, são treinadas para isso, o que é sabido por qualquer observador, até os menos atentos, do que os manifestantes, e neles incluídos o subgrupo dos black blocs. 

Todo e qualquer conceito, para ter credibilidade, e por honestidade intelectual, deve ser bem claro, objetivo, não deixar margens para dúvidas, sob pena de fogo amigo, entres outras, muitíssimas, consequências.


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[3] Tentei postar, hoje, 23/02/14, entre às 13:00 e 13:37 horas, o comentário abaixo no portal da Carta Capital, mas não consegui:
"Com todo o respeito e admiração ao professor Wanderley, achei o artigo confuso, diferentemente de outros excelentes artigos de sua lavra. O uso, reiterado, da falácia argumentum ad hominem, prejudica, e muito, a argumentação. Há que se separar, para que fique bem claro ao leitor, os críticos dos governos trabalhistas, à direita e à esquerda. Todos são whiteblocs? Por acaso é crime criticar tais governos? Tenho várias críticas a eles, todas sob o olhar da esquerda, mesmo assim votarei em Dilma novamente, mas, ressalte-se, por falta de uma opção mais a esquerda. A criminalização dos movimentos sociais, e mesmo dos black blocs, é nociva a quaisquer governos progressistas. Os que não querem diálogos são os coxinhas, os fascistas e os P2s. No final da leitura, nenhuma crítica às forças de repressão. Afinal, as polícias militares são compostas, apenas, de homens santos? E os manifestantes, incluídos aí os black blocs, apenas de demônios desordeiros?"